O DIA QUE O TREM PAROU 
Na época, o Brasil passava por um período de transição. Era o fim do governo do presidente Gaspar Dutra e início do governo Getúlio Vargas. O país entrou numa crise econômica muito intensa, com inflação elevada e falta de dinheiro para pagar as importações. Odete, hoje com 86 anos, se recorda que os ferroviários não recebiam salários havia mais de três meses e o valor da remuneração era muito baixo, o que agravou a situação dos trabalhadores e de suas famílias. Uma cooperativa que servia á Rede não atendia às necessidades dos trabalhadores e já faltavam alimentos essenciais. Odete comenta que era planejada uma greve, liderada pelas esposas dos ferroviários.
Com voz mansa e suave, Odete relembra que, poucos dias antes do início das manifestações grevistas, o sogro, Paulino Roque Abranches, convidou amigos ferroviários para um baile em casa. Era a maneira encontrada por ele para despistar as autoridades e acobertar a realização de uma reunião para os ferroviários se organizarem e auxiliarem as esposas nos atos grevistas. Contudo, Paulino e os colegas foram surpreendidos por um coronel que trabalhava na cidade de Itajubá. Pegos em fragrante, ele foi preso e permaneceu por dois dias na cadeia. “Meu sogro foi demitido, mas, depois de um tempo, ele voltou e foi transferido para Três Corações”.
Segundo Odete, os atos liderados pelas esposas chamaram a atenção das autoridades, que ficaram incomodadas com o movimento grevista.
 A tomada de locomotivas por mulheres de ferroviários foi um dos episódios mais dramáticos e heroicos da greve. Quem dependia do transporte ferroviário para se deslocar para o trabalho em um município vizinho, ficou sem ter como se locomover. “Foi uma confusão na cidade [de Itajubá]”, comenta Odete. A primeira locomotiva a ser parada foi a n° 437, em Cruzeiro, São Paulo, que se tornou a marca do movimento. Apelidada de Joana, a enorme máquina recebeu um cartaz com letras vermelhas que deixaram claros os motivos do movimento: “Nossa luta é contra a fome e a miséria”. Tudo aconteceu no dia 24 de setembro de 1949, quando duas jovens de nomes Geny e Elza, com a bandeira brasileira nas mãos, se jogaram na frente de uma locomotiva que estava na estação de Cruzeiro, São Paulo, pronta para partir, e impediram o maquinista de seguir viagem. Decididas a romper o silêncio dos maridos diante das condições ruins de trabalho, as mulheres deram início à greve na Rede Mineira de Viação. Marchando com os filhos nos braços, elas seguiam pelos trilhos, algumas no último mês de gestação. Odete se lembra que o namorado também comentava sobre os manifestos que ele presenciou em Itajubá, onde manifestantes também impediram que os trens seguissem pelos trilhos. “Em pouco tempo, a plataforma da estação estava lotada de familiares em busca de notícias”, conta.
A tomada de locomotivas por mulheres de ferroviários foi um dos episódios mais dramáticos e heroicos da greve. Quem dependia do transporte ferroviário para se deslocar para o trabalho em um município vizinho, ficou sem ter como se locomover. “Foi uma confusão na cidade [de Itajubá]”, comenta Odete. A primeira locomotiva a ser parada foi a n° 437, em Cruzeiro, São Paulo, que se tornou a marca do movimento. Apelidada de Joana, a enorme máquina recebeu um cartaz com letras vermelhas que deixaram claros os motivos do movimento: “Nossa luta é contra a fome e a miséria”. Tudo aconteceu no dia 24 de setembro de 1949, quando duas jovens de nomes Geny e Elza, com a bandeira brasileira nas mãos, se jogaram na frente de uma locomotiva que estava na estação de Cruzeiro, São Paulo, pronta para partir, e impediram o maquinista de seguir viagem. Decididas a romper o silêncio dos maridos diante das condições ruins de trabalho, as mulheres deram início à greve na Rede Mineira de Viação. Marchando com os filhos nos braços, elas seguiam pelos trilhos, algumas no último mês de gestação. Odete se lembra que o namorado também comentava sobre os manifestos que ele presenciou em Itajubá, onde manifestantes também impediram que os trens seguissem pelos trilhos. “Em pouco tempo, a plataforma da estação estava lotada de familiares em busca de notícias”, conta.Odete comenta também que o namorado contava que a manifestação se estendera por onze dias e percorrera várias cidades que faziam parte da Rede Mineira de Viação, dentre elas, os municípios mineiros de Soledade de Minas, Três Corações e Divinópolis, além de Itajubá. No dia 4 de novembro, o movimento foi contido pela força policial do Governador Macedo Soares, um dia depois do governante anunciar que tudo seria resolvido. Policiais aproveitaram períodos em que a população não se encontrava na estação e o número de grevistas era reduzido e espancaram mulheres e crianças. Uma grevista, identificada como Rita Cássia Pinto, foi barbaramente agredida e ficou por onze horas em estado de coma. Pouco tempo depois, Odete se casou com Sebastião e, então, assumiu a posição de esposa de ferroviário. A situação dos profissionais das ferrovias pouco melhorou, mas a união durou e dela nasceram cinco filhos.
 
 
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