Páginas

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um olhar no meio do conflito

As cenas registradas pela câmera do fotojornalista Joel Silva do Jornal Folha de S. Paulo ganharam as páginas dos principais jornais do mundo. Uma de suas maiores coberturas jornalísticas ainda estão na memória desse profissional. Mesmo acostumado com situações de terror, o conflito na Líbia trouxe muito medo. Para ele o segredo para o sucesso é acreditar no trabalho que faz e estar preparado para qualquer desafio.

Com experiência em coberturas perigosas, o fotógrafo esteve em Pouso Alegre, onde falou sobre como é feito a “Cobertura em áreas de Conflito”. O profissional explicou os riscos de uma cobertura de guerra e as situações de perigo que viveu em quinze dias fotografando o conflito na Líbia.

Para ele a experiência vivida na Líbia gerou medo e tensão. “Teve momentos que eu pensei que ia morrer”. Três situações foram decisivas e marcantes. “Fui pego pelo exército, a bomba explodiu ao meu lado e a fuga para o Egito.” Ele também revela que além de muita coragem é necessário ter treinamento para sobreviver nessas situações e fazer um bom trabalho.

O que era uma paixão de infância se tornou realidade em 1994 quando Joel Silva foi contratado pelo Jornal Folha de S. Paulo para atuar como fotojornalista. “Todo profissional tem que acreditar no seu trabalho. Para conquistar algo, o jornalista deve contar com 50% de apoio da empresa, 45% ele deve acreditar em seu trabalho e 5% deve ter sorte” .

Para uma foto ganhar a capa do jornal ela precisa ter informação é o que explica o fotojornalista. Na cobertura da Líbia, ele teve duas de suas fotos publicadas em vários jornais do mundo, inclusive o The New York Times. “As pessoas vêem as fotos nos jornais, mas não sabem o que o profissional passou para trazer aquele material.”

De acordo com ele uma cobertura em áreas de conflitos além do risco de vida, o profissional passa por muitas dificuldades. O frio é intenso à noite no deserto da Líbia, há momentos em que se passa fome e os jornalistas podem ficar doentes por algum tipo de infecção ou contaminação. “O bom profissional deve sempre estar preparado”.

Além dos conflitos da Líbia, ele também fez a cobertura da Copa do Mundo da França em 1998 e da África do Sul em 2010, em 2000 acampou com a guerrilha das Farcs na Colômbia, cobriu o golpe militar em Honduras em 2009, a ocupação do morro do alemão em 2010. “Eu estou sempre pronto pra ir para qualquer destino que o jornal me mandar.” Se fosse para voltar para Líbia, ele diz que votaria “voando [...] risos”.