RESENHA DOCUMENTÁRIO “PEIXE PEQUENO”
Em um dia normal no acampamento indígena, enquanto os homens dedicam à pesca, as crianças disputam um gole de “Coca-Cola”. Para a pesca, além das habilidades de produção de “covos” que são utilizados como armadilha na captura de peixes, eles usam barcos e motores. Nas brincadeiras as crianças da tribo simulam um tiroteio onde pedaços de madeiras são transformados em armas. São perceptíveis nas cenas do documentário essas influências dos brancos na tribo.
O diretor Vincent Carelli, completou em 2009 quarenta anos de indigenismo, iniciou em 1987 o Vídeo nas Aldeias, um projeto que coloca o vídeo a serviço dos projetos políticos e culturais dos índios. Desde então, realizou mais de 20 filmes, muitos deles premiados no Brasil e no exterior, além de atuar como formador de realizadores indígenas e produtor de seus filmes.
O diretor Altair Paixão iniciou sua colaboração com o Vídeo nas Aldeias em 1986 e desde então contribui regularmente com projetos, oficinas e realizações de documentários, além de integrar a diretoria da organização. Jornalista profissional autônomo e diretor de fotografia com 30 anos de experiência especializou-se em documentar questões sociais, culturais e ambientais.
O documentário apresenta os contrastes urbanos que estão inseridos no acampamento indígena Inquine Nauê. A cultura indígena sofreu muitas transformações desde o descobrimento do Brasil. Muitas aldeias indígenas adquiriram hábitos dos brancos no seu dia a dia. Nos quatro cantos do Brasil existem povos indígenas que resistiram e sobreviveram, após quinhentos anos de uma história de escravidão, guerras, epidemias e desrespeito.
O índio brasileiro hoje está totalmente dividido entre sua cultura e a do homem branco. Obrigando cada vez mais a se envolver com a cultura dos brancos, os índios vêem suas tradições dia após dia se extinguirem, sem possibilidade de reação. A caça e a agricultura desapareceram por culpa da civilização. Alguns desses índios sobrevivem de pequenos trabalhos artesanais, de doações e do pouco que planta e colhe.
O trabalho realizado pelos autores é de grande relevância para que possamos compreender a realidade das tribos indígenas e o nosso papel na sociedade. O roteiro utilizado pelos autores deixa claro que os índios ainda usam de suas habilidades na luta pela sobrevivência, mas que também agregaram ferramentas da sociedade em suas tribos.
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