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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Violência nas escolas prejudica desempenho em sala de aula

Estudo realizado pela UFMG mostra o quadro da violência no ensino público mineiro

Nas ultimas semanas a ocorrência de violência nas escolas do Estado vem ganhado espaço nos noticiários de TVs e jornais, um dos casos mais comentados foram, de um aluno que nos jogos escolares foi chamado de burro, pelo professor de educação física e outro foi de um aluno que chutou a diretora da escola durante uma discussão numa escola de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

Uma pesquisa realizada no último ano pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, mostrou que, entre os alunos entrevistados, 15,8% foram roubados em sua escola pelo menos uma vez, 36,9% foram furtados e 18,3% foram agredidos fisicamente.

O coordenador da pesquisa Cláudio Chaves Beato Filho aponta que a violência nas escolas tem duas distinções, a primeira é “a violência física perpetrada por traficantes ou bandidos nos bairros onde se encontram, assim como por alguns dos agentes do poder público encarregados da manutenção da ordem e da segurança” e a segunda seria “a violência que se exerce também pelo poder das palavras que negam, oprimem ou destroem psicologicamente o outro”.

Mesmo os alunos que não sofre a violência, a convivência com ela prejudica o desempenho e o rendimento escolar, sem falar nas conseqüências para os professores que segunda a pesquisa da UFMG tem efeitos psicológicos.

Vários alunos e professores mudam seus hábitos, como trocar o caminho ao ir ao trabalho ou andar sempre juntos para evitar agressões causa tensão influenciando nas atividades diárias. A pesquisa mostra o índice de alunos que não são vitimas de violência, mas convivem com a mesma, 27% dos entrevistados afirmaram já ter visto, pelo menos uma vez, pessoas armadas dentro da escola, 51% já viram consumo de drogas, 47% já viram outro aluno sendo assaltado e 10,4% faltou à aula pelo menos uma vez por medo de serem agredidos.

Essa pesquisa é um recorde do que acontece nas escolas, realizada em Belo Horizonte no ano passado em escolas públicas e particulares por meio de entrevistas. Foi solicitado aos alunos que classificassem sua escola como tranqüilas, inseguras ou violentas.

O gráfico a seguir mostra as características atribuídas pelo aluno ao contexto escolar no que diz respeito ao tema aqui considerado e o nível de satisfação com o próprio aprendizado. Outras variáveis poderiam ser importantes, mas foram selecionadas apenas as que apresentaram nível estatístico significativo.

Em Pouso Alegre, por exemplo, a superintendência não soube explicar quais os procedimentos para mudar o contexto de violência ou apresentar índices que comprovem a tranqüilidades das escolas Sul Mineiras. Recentemente uma palestra foi dada pelo diretor do presídio Leandro Francisco Pereira para os professores das escolas públicas com objetivo de prepará-los melhor para o dia a dia escolar.

O pesquisador Cláudio C. Beato conclui que para combater problemas relacionados à violência, a escola deve antes identificar as características individuais dos alunos como antecedentes em eventos violentos, uso de drogas, baixa expectativa de sucesso educacional e influência negativa dos pais, todos associados à delinqüência, para acompanhar caso a caso e se aproximar da comunidade e permitindo que membros externos possam utilizar esse espaço público, porém a escola pouco ou nada pode atuar sobre esses fatores externos.
Wilker Cardoso - Estudante de Jornalismo da Universidade do Vale do Sapucaí

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